domingo, setembro 23, 2007
segunda-feira, setembro 17, 2007
Até amanhã
Sei agora como nasceu a alegria,
como nasce o vento entre barcos de papel,
como nasce a água ou o amor
quando a juventude não é uma lágrima.
É primeiro só um rumor de espuma
à roda do corpo que desperta,
sílaba espessa, beijo acumulado,
amanhecer de pássaros no sangue.
É subitamente um grito,
um grito apertado nos dentes,
galope de cavalos num horizonte
onde o mar é diurno e sem palavras.
Falei de tudo quanto amei.
De coisas que te dou para que tu as ames comigo:
a juventude, o vento e as areias.
Parabéns ;)
como nasce o vento entre barcos de papel,
como nasce a água ou o amor
quando a juventude não é uma lágrima.
É primeiro só um rumor de espuma
à roda do corpo que desperta,
sílaba espessa, beijo acumulado,
amanhecer de pássaros no sangue.
É subitamente um grito,
um grito apertado nos dentes,
galope de cavalos num horizonte
onde o mar é diurno e sem palavras.
Falei de tudo quanto amei.
De coisas que te dou para que tu as ames comigo:
a juventude, o vento e as areias.
EUGÉNIO de ANDRADE

sábado, setembro 08, 2007
Truques da mente

Tenho andado bastante ocupada, o que por seu lado leva a que me sinta exausta. Curiosamente quanto mais cansada estou mais pensativa fico. E quando começo assim dá-me para ver fotografias, afogo-me nelas. No deserto da minha mente numa das tempestades de ideias, memórias e recordações comecei a aperceber-me que… A morte torna mentira aquilo que um dia foi verdade. Quando estava a olhar para a fotografia da minha pequenina que partiu percebi que agora, neste momento, ela é uma mentira, porque ela não existe e a única coisa que tenho para provar que um dia ela existiu é o meu coração desalentado (ou a minha fraca memória como preferirem) e umas quantas de imagens incógnitas. E mesmo essas imagens sem as memórias dela não valem nada, não passam da captura de um momento ignoto que não esclarece ninguém. E porque as recordações têm esta característica de serem tão fugazes e selectivas, levianas e incertas até, às vezes quando penso em coisas que se passaram há algum tempo tenho a impressão que deixo de lembrar o que aconteceu e passo a recordar a “minha verdade”. Eu sei que cada um que vive uma experiência a interpreta de forma diferente mas as nossas mentes são como o mar, moldam, toldam as nossas recordações à sua maneira. A nossa mente, a minha pelo menos, tem um efeito eufemistíco nas nossas recordações: o que era mau passa a engraçado ou mesmo a bom e o que já era bom passa a ser encarado como ideal.