quinta-feira, abril 17, 2008

O Banquete


Querem saber quem sou eu? Ninguém mo pergunte. Se até agora ninguém tratou de se informar, já e tarde, porque o pior passo já foi dado. Aliás, não sou digno de que se interessem por mim; porque sou um ente insignificante, a personificação da insignificância, e uma pergunta como essa apenas serve para me envergonhar. Eu sou a pura existência, um pouco menos do que nada. Eu sou a pura existência que passa despercebida no meio de qualquer companhia, porque da mesma maneira que o puro devir em cada instante vou ser e deixo de ser. Sou como o traço que na adição separa as parcelas da soma; quem há que se preocupe com um traço?



In O Banquete, de Sören Kierkegaard