quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Produtos da Sociedade


Nós somos um produto da sociedade em que vivemos. A nossa mente é formada pelas experiências pelas quais passamos, pelas opiniões que assimilamos, pelos padrões de comportamento que aceitamos. Em suma, é feita de retalhos do passado. A mente é o passado.
Devido a isso o ser humano tem tanta dificuldade em lidar com o novo. O novo causa o medo, insegurança e tem sido combatido com toda a violência através da história. Sempre que alguém surge com um novo conceito, uma nova visão do mundo e da realidade, é sumariamente eliminado do contexto. O novo desestabiliza todos os padrões tidos como verdadeiros, gerando um sentimento de insegurança. A nossa mente precisa de segurança para funcionar. Mesmo que seja uma pseudo-segurança, ela serve como ponto de apoio às estruturas racionais e lógicas que regem a sociedade.
Toda a nossa educação tradicional é voltada para limitar e evitar o surgimento da sensação do inusitado e de insegurança. Mas isso significa que a educação inicia um processo de limitação da verdadeira inteligência. A mente é totalmente compartimentada e limitada por muros que foram edificados através dos anos e que aceitamos como sendo verdadeiros. Os nossos pensamentos não são nossos, foram implantados no nosso cérebro por terceiros, e todos os nossos problemas existenciais começam quando começamos a acreditar que eles nos pertencem, quando nos identificamos com os condicionamentos e dizemos: o meu condicionamento sou eu.
Nada disso é nosso. Fomos obrigados a engoli-los para que fossemos aceites no meio social, e esse processo inicia-se quando ainda somos muito pequenos. Todos esperam que nos comportemos de determinada maneira, que pensemos de determinada maneira, que sejamos, portanto, da maneira como querem que sejamos. Para não sermos afastados do convívio social e familiar, aceitamos tais imposições, alienamo-nos da realidade, e consequentemente sofremos por não sermos nós mesmos.
O maior obstáculo à liberdade criado pela mente é a memória. A mente é como um acumulador de informações, ela cumula todo o tempo. Memória é somente o passado registrado e acumulado, e assim sendo, a única coisa que a nossa mente pode fazer por nós é projectar um padrão predeterminado. Esse padrão é a muralha que circunda a nossa consciência, o nosso verdadeiro eu.
Onde é que há liberdade nisso? O caminho da humanidade tornou-se fechado, estreito, uma verdadeira prisão. Vivemos a repetir os mesmos padrões, incessantemente, mas acreditamos que sistemas idealizados pela mente nos podem trazer essa libertação. A filosofia tentou fazer isso, mas fracassou totalmente. Qualquer sistema de pensamento resulta num círculo vicioso, porque a mente não pode conhecer o desconhecido. Ela só pode compreender aquilo que já conheceu.

1 Comments:

Blogger PZ said...

tantos exemplos ao longo da história, tantos Homens que mostraram ideias novas e foram por isso perseguidos, alguns até á morte...
Nos dias que correm, as pessoas preferem ficar como estão do que exporem as suas ideias, de mostrarem o seu verdadeiro EU, com medo de represálias por parte da sociedade onde vivemos, que diz-se livre e aberta, mas está repleta de Preconceitos e opiniões superficiais, sobre aqueles que não são como eles, por isso são vistos e tratados de uma forma diferente! Concordo plenamente com o que dizes no final do post....'O caminho da humanidade tornou-se fechado, estreito, uma verdadeira prisão!'

Peace And Love;)

1/2/07 12:55 da tarde  

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