As palavras

Trago em mim um pesadelo de ideias, um cansaço profundo que me alaga, me submerge.
E, todavia, como é difícil explicar-me! Há no Homem o dom perverso da banalização. Estamos condenados a pensar com palavras, a sentir em palavras, se queremos pelo menos que os outros sintam connosco. Mas as palavras são pedras. Toda a manhã lutei não apenas com elas para me exprimir, mas ainda comigo mesma para apanhar a minha evidência.
Quando procuro em mim a face original da minha presença no mundo, o que descubro não é o alarme da evidência, o prodígio angustioso da minha condição: o que descubro é a indiferença bruta de uma coisa entre coisas.
Aparição
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